PERSONA NON GRATA

Publicado por PCdoB

Fevereiro 22, 2024

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Por João Ortiz

Outro dia eu ouvi que um não sei quem lá do governo de Israel declarou que o Lula era “persona non grata” naquele país. A notícia que li e reli em múltiplas mídias era a de que a expressão “persona não grata” estava traduzida da língua que lá falam para a língua que cá falamos. Não compreendi como é que se traduziu a expressão de lá pra cá. Soou meio estranho, porque me parece uma expressão em latim e não em português. De todo modo, acredito que a minha dúvida não procede. Devo estar equivocado. De todo modo eu continuo não entendendo como é que se traduz a expressão latina para a língua que falam em Israel.


Por outro lado, a forma como foi dita a expressão pela autoridade de Israel, me remeteu ao almoço em família de descendência italiana lá em Sampa. Um belo domingo, rolando aquela macarronada que só a matriarca sabe fazer, entre vinhos, a chefe da família blasfemando pra nora que namora o filho Enzo, xodozinho da mama. “VOCÊ É PERSONA NON GRATA, SUA PINÓQUIA”. Coisa que quem assistiu aos filmes do Felini (vide Amacord) sabe como é. Sorri. Não, minto, mais do que sorri, sorri pra valer, tipo um sorriso 80%, pensando na cena tão vivida e convivida com meus queridos ítalo-brasileiros e italianos.


Mas o sério da questão é o seguinte. Uma boa parte da mídia desandou a reprovar o Presidente Lula, que decretou existir paralelismo entre genocídio e holocausto. Não fez comparação, nem é possível comparar. É mero recurso de retórica, com ênfase na ideia de que quem sofreu a opressão não tem direito de oprimir tanto. Quem já foi torturado e oprimido, não pode se esquecer disso. Nunca deveria esquecer.


O melindre dos formadores de opinião que se incomodaram com a fala do Presidente, se fosse para ser levado a sério, deveria ser acompanhado de insuportável indignação com relação ao massacre que o ditador Benjamin Netanyahu impõe ao povo palestino, através de outras vítimas da horripilante situação que se encontra instalada no local do conflito.


Ao chegar ao fim da leitura da notícia, infelizmente me esqueci da digressão que pensei em paralelo e passei a ficar triste e indignado. O fato de a autoridade Israelense decretar o Presidente da República do Brasil “persona non grata” é absolutamente insignificante. Ninguém liga pra isso. Só quem liga é gente que não tem o que falar.